domingo, 28 de setembro de 2008

The Special One

Todos necessitamos de nos sentir especiais. Foi esse o desígnio fundamental que o marketing barato adoptou para cativar os seus clientes. Ao longo da nossa existência pomos constantemente em causa este princípio devido aos desaires em que a vida é fértil e aceitamos a verdade inconveniente de que somos somente normais.
Não é em vão que assistimos cada vez mais a filmes de super-herois e projectamos neles todas as nossas capacidades potenciais. Alimentamos o sonho de que algumas dessas capacidades adormecidas sejam por fim reveladas e que deixemos finalmente a nossa marca neste mundo.
O Batman, por exemplo, não dispõe de poderes especiais para alem da tecnologia que usa, pelo que nos sentimos solidários com a sua fragilidade. O facto de este ser corajoso apesar de ser apenas humano, faz com que sintamos por ele uma certa empatia.
O Super-homem no entanto já não tem nada de humano. Para alem da sua invulnerabilidade evidente, foi claramente inspirado no Übermensch (Super Homem) do tio Nitos, sendo erradamente conotado com a causa Nazi e o ideal da raça Ariana.
O Homem Aranha é para mim o mais humano dos superherois. Tem de lavar o fato na máquina e remendá-lo à mão. É atormentado pelos problemas do homem comum e não tem muito jeito para relações amorosas.
Em síntese, vivemos o sentimento de que existe um Messias adormecido dentro de nós (certamente restos da nossa educação judaico-cristã) e esperamos que uma voz interior desperte e diga:
“The sleeper must awaken”

P.M.
(Post Mortem)

1 comentário:

Anónimo disse...

Essa foi mesmo boa!
A última frase do Dune:
"How can this be?(...)He is the Kwizatz Hardeach!" - o que não deixa de ser brutal...
Mas a que eu prefiro é esta: "Father, the sleeper has awaken!!!"
Vale sempre a pena ver :)