segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Fare Revisitade

Uma das muitas coisas que eu gosto em Faro é que parece ser imutável.

Qual mamute pré-histórico conservado numa dessas quaisquer calotas polares lá está! Ao mesmo tempo que assusta é reconfortante, não consigo bem escolher as palavras, estou a falar afinal da MINHA cidade.

Há qualquer coisa no ar, nunca soube muito bem o que... ha quem diga que é do meridiano, outros dizem que é do rébolao mas que há qualquer coisa, há.

Bem falando há tudo o que de bom e mau há nas outras cidades mas aqui as coisas parecem ganhar uma dimensão grotescamente cómica, como que uma aceitação ou uma constatação que não vale a pena lutar contar moinhos de vento que é transmitida através de um “dêxa-te tar quiét, mó”

Palavras sábias, transmitidas de geração em geração que reflectem toda uma filosofia de vida própria em ser Farense como que dizendo: -Calma... não vale a pena entrar em stresses taralhoucos, amanhã logo me chateio com essa merda se tiver tempo senão mando sete grãos de areia para trás de um poço enquanto digo uma mézinha e tá safo.

Gosto de exprimir o meu espanto com um “fái camane!” prefiro-o mil vezes (para não dizer um milhão) a um singelo e despersonalizado “caraças!”

Gosto da minha vezinha que me pergunta: - atão miga... quem era aquela mecinha que tavas no outre dia?

- A mesma. Digo eu como se isso interessasse, a velha já tá tão queimada que nem percebeu que era um amigo meu daqueles que mata galinhas e ouve Musicas de satã...

a mesma vezinha que uma vez me viu a fumar ganzas com os drógados do meu bairro e disse á minha avó: -Ai... o seu netinho tava com os amigos e tavam todos com muito frio... tavam a fazer fogueirinhas nas mãos para se aquecer... e são todos muito poupadinhos! Fumam todos do mesmo cigarrinho... aquilo um cigarro dá pra 7 ou 8...

O resultado disto foi a minha avó comprar-me umas luvas e um maço de tabaco.

É nestas alturas em que a geopolítica mundial se começa a adensar que dou o devido valor a uma cidade pacata como a em que nasci: os Russos e os americanos e os Coreanos e os iranianos podem se matar todos à vontade que a malta aqui há de continuar numa qualquer esplanada de uma qualquer tasca às voltas com o velho dilema milenar algarvio... Vou buscar mais uma? Ao que uma voz que vem de dentro há de dizer assertivamente: -Deixa-t tar quiét mó...

O que é certo é que “ela” há de vir parar á mesa e é nisto que nós algarvios somos fodidos: as coisas aparecem feitas.


Senécas (Filósofo Algarvio)

3 comentários:

Romualdo disse...

Esqueceste-te do-"Nã te metas nisse" e também do - "deixa-te tar sossegade".

Anónimo disse...

essa é que é essa moce,...ah caralhe!

Anónimo disse...

O problema do estado de "stasis" de Fare só tem uma causa - a proximidade do mar. O iodo provoca desequilibrios glandulares, ao nivél das segreções tiroideicas, sistema nervoso, libido, e pão com chouriçe transgénico. É uma terra de putas e bêbades e nada vai alterar o estado de coisas. Nem um maremote lavava as ruas e máfias pérfidas de Fare, quanto mais as cabeças e costumes. Viva Fare! O buraco espacio-temporal mais viciante da história do rubio flutuante!