quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Reunião

Zeferino, no seu último relatório, conta-nos sobre uma reunião de trabalho a que assistiu.
Diz que entrou numa sala acompanhado de seis pessoas e que se sentou em volta de uma grande mesa redonda. As mesas redondas (tal como a Távola) são usadas para dar uma sensação de paridade a todos os que lá se sentam. Não há princípio nem fim, estão todos de igual para igual. Nesta mesa porém, sentou-se um Chefe; um primus inter pares, como os antigos maços de tabaco.
O Chefe deu início à reunião, agradecendo a todos os colaboradores a sua presença, advertindo simpaticamente que havia muito trabalho a fazer. Mostrou mapas e gráficos de todas as cores e feitios; com curvas ascendentes e descendentes, de barras e em forma de queijo.
Invocou a reunião anterior e declarou-se insatisfeito. Com um ar, agora mais grave, o Chefe perguntou se havia sugestões. Um colaborador mais solícito, sugeriu que, dado a conjuntura emergente da Situação, impunha-se a criação imediata de uma Comissão Especial de forma a proceder-se ao mais rápido Processo de Investigação. O Chefe aplaudiu com fervor a eficácia e competência do colaborador. Todos os outros fizeram que sim com a cabeça.
Sem mais assuntos pendentes, e como era já era hora do almoço, o Chefe mandou lavrar a acta da reunião e deu esta por encerrada. Contudo, quando já todos se perguntavam «onde é que vamos comer?», o Chefe agendou uma outra reunião com o ponto único de eleger os comissários especiais com poderes de nomeação para os cargos de Investigador Processual.
Zeferino conta que também assistiu a esta última reunião, onde o Chefe já não participou, uma vez que havia sido demitido compulsivamente. Foi então nomeado um Secretário de Direcção Interino, incumbido de reunir de emergência com o Departamento de Recursos Humanos, de forma a encontrar uma pessoa que, promovida ao cargo de Chefe, liderasse uma equipa de jovens promessas, para que em conjunto encontrassem uma solução para a Situação, que, como nos descreve Zeferino, era realmente grave.

In Andanças de Zeferino – O Optimista

2 comentários:

Anónimo disse...

O país como imensas empresas estão a passar tempos dificeis neste momento mas será necessário chegar a despedimentos compulsivos para remediar situações??? Não será provávelmente essa a resposta para problemas de hoje!!!

Anónimo disse...

tô contigo irmão. a gasolina está cara, as putas estão caras, a droga, essa então está carissima. já o pais vendia-se por truta e 1/2 e ninguém se chateava