É uma inevitabilidade já se sabe, para morrer basta estar vivo, por isso por um lado até é bom sermos habituados e expostos a esta "cultura da morte" diária e contínuamente, é como um "lembrete" que dispara aleatóriamente, depois torna-se banal, entranha-se, e torna-se parte essencial do nosso dia-a-dia. Mas não estará isto a tornar-nos insensiveis?
A morte faz parte do nosso dia-a-dia, habituamo-nos a ela sem a compreender, de um certo modo fascina-nos e isto pode ser visto por exemplo quando há acidentes na estrada ou pessoas atropeladas por combóios, a tendencia é ir dar um "espreitadela" para satisfazer a curiosidade mórbida, a propósito disto, no outro dia estava a ir para o trabalho e vi um gajo morto na rua, estava estendido no chão com as costas numa parede e parecia ter sido espancado, naquela zona há algumas senhoras que vendem o corpo por isso deve-se ter metido com alguma e foi espancado pelo chulo, "não é uma boa imagem para se ter de manhã" pensei eu e fiquei a pensar nisso durante um bom bocado, depois distraí-me com outra merda qualquer e não pensei mais nisso.
Hoje é dia dos mortos, o pessoal vai aos cemitérios e é um dia bom para o negócio das flores, é um dia em que lembramos "os nossos mortos"... até na morte somos egoístas... com os mortos dos outros podemos nós bem... É este paradoxo que ainda não consegui perceber: somos habituados á morte desde que nascemos mas cada vez que morre alguem próximo parece que é a primeira vez, e não vai ficando mais fácil... deve ser a isto que chamam "o mistério da vida".
Bru Wili
4 comentários:
uma bela perspectiva existêncial sobre a morte que como se sabe, é o contrário de estar viva.
por acaso até se torna mais fácil...e a maneirar d a encarar tb varia mt da cultura em q tás inserido, no geral, a ocidental (pra variar) tem tendência a encará-la duma forma mais negativa
Somos habituados á morte desde que nascemos mas cada vez que morre alguém próximo não é nada fácil porque no primeiro ponto trata-se de um processo de aculturação, desde que nos sabemos vivos que participamos nesta epopeia com o conceito de morte e todas as crenças a ele atribuidas, que nos foram transmitidas por gerações anteriores.A morte,é por si, num contexto isolado uma ideia sem objecto. Quando morre alguém próximo parece que é sempre a primeira vez, porque falamos de ausencia de objecto investido. A morte dos outros, alimenta-nos somente a necessidade de complementar o conceito de morte cultural e em nada nos marca como inovação, pois os outros nao existem dentro de nós, como aqueles que escolhemos como alvo de carga afectiva. Tudo se resume a investimento externo ou nao investimento e cada investimento, pressupoe desinvestimento ou luto. São os ciclos que deixam marcas indeléveis. :)
Quando digo ausencia de objecto investido digo perda do objecto investido...não é a morte que é nefasta...é o facto da representação do objecto continuar viva em nós, sendo investida de um quantum afectivo, la está, porém o objecto ter desaparecido e o quantum afectivo tender pelo principio do prazer neste caso especifico, para a satisfação e descarga e nao o poder fazer mais,dai a angustia e frustração. A morte dos outros em nós é-nos estranha, pois eles não existem em nós, não são investidos, logo não sao sofridos.E aqueles que sofrem medo da própria morte, têm ou uma estrutura neurotica ou entao investirao no seu proprio objecto egoico numa especie de auto erotismo e temem a perda de si, eu pessoalmente creio que esses investimentos egoicos sao largos passos para se estar mais proximo de uma bonita caminhada para a liberdade.
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