quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Irmandade do Jacarandá

A Irmandade reunira-se mais uma vez na Horta da Areia. Aquele lugar tinha algo de místico. Para além de estar situado ao lado de um Cais que irá ser sempre novo (apesar de já ter alguns anos), tem também nas imediações as duas enormes bolas de gás que, como dois testículos gigantes prestes a explodir, podem levar consigo metade da cidade. Esta proximidade do perigo representa para os membros da Irmandade a convivência deliberada com a perenidade da existência.
Os membros da Irmandade têm em comum o facto de não poderem afastar-se muito da cidade que os viu nascer, sob pena de perderem progressivamente as suas capacidades mentais. Este raio de acção foi estimado em cerca de 20 Kms, apesar de haver relatórios de membros que dizem ter estado em Vila Real de Santo António.
A origem da Irmandade remonta ao fenómeno que ocorre em Maio, normalmente referido pelos Farenses como: “aquela merda das flores roxas que se colam aos pés e sujam os carros todos”.
A queda das flores roxas do Jacarandá, e a cola que libertam, representam para os membros da Irmandade o apego destes em relação à cidade. Colados ao chão por acção da cola sagrada segregada pelas flores. Para sempre prisioneiros mas espiritualmente livres.
Jacaranda Ovalifolia – Membro Fundador da Irmandade

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